Alô a todos
Por aqui tudo bem
Tenho tanto para contar, que até tenho receio de não saber como começar...
...para já, e falando do local de voo, este local é realmente muito impressionante. Estamos a descolar numa zona tipo meseta montanhosa, ou seja, do plano, onde fica a vila de Pamukkale, sobe-se a um primeiro platô onde fica uma zona de voo, e com uma zona de plano muito ampla. A seguir sobe-se mais e fica o 2º platô onde temos descolado estes dias, e onde fica a cadeia de cristas e vales onde estão localizadas a maior parte das balizas. As cristas de montanha, mais acentuadas para a direita da descolagem ( NE), são impressionantes, cheias de floresta densa, e zonas de aterragem sómente nos vales. Esses vales, são relativamente abertos, mas pronunciados e sinuosos.
O dia de hoje começou por ser super ventoso. Mais de 30 km/h. Mas o Paulo tinha-me enviado uma msg com a info sobre a meteo, o que me deu confiança para aos primeiros sinais de abrandamento, começar a preparar o equipamento. E rapidamente se fez o breefing, com hora de abertura para janela e start. No inicio vi muitos pilotos na dúvida para descolar. Eu, mais uma vez, não tive mesmo hipótese de descolar mais cedo...por vento muito forte e lateral, e pela massa de pilotos em delírio para descolar. Quando descolei, ao fim de um pouco, quase desejei não o ter feito - super turbulento, e completamente a sotavento ...e logo a seguir, mesmo com a asa bem travada, levei o maior fecho frontal que tenho memória, mais todas as réplicas por muito tempo, até ter sido literalmente encostada numa zona escoada de vento, fora completamente da rota prevista...foi um filme conseguir vir novamente para a frente da descolagem – para a máquina de lavar – mas foi aí que consegui a primeira térmica super, que me levou aos 2600 m. A seguir foi avançar para a direita da descolagem, para a tal zona de montanha e cristas, muito devagar, apesar de ir com pé na tábua. Mas acreditem, o meu pé na tábua não pássa de mera brincadeirinha ao pé destes pilotos.
Voltei a ter dificuldade em “dominar” a potência térmica, no fim da B27, que coincide com a reunião das duas cristas, e onde se começou a montar uma confluência, aos 3500m, e desta vez, depois de baliza feita e pensar que aterraria a sotavento, no fim de vale, lá consegui fazer tecto. Não via nenhum piloto, ou melhor, tinha-os visto a todos, mas já havia muito tempo, e com objectivos distintos: eu a tentar chegar à baliza, e eles já a divertirem-se no regresso, na base da confluência...
Bom, para abreviar, na última parte do voo, só vos quero dizer que fiz tecto, e fui contra vento para a penúltima baliza, para fazer 5km, em que perdi literalmente 1000m, e depois continuei a perder, até fazer a última baliza, e fiquei a 4km do golo... porque o plano de facto não está a funcionar, para alem disso o dia térmico acaba cedo...
Mas de qualquer forma isto é sempre a andar...os 130 pilotos inscritos chegam quase sempre ao fim de meta. Nem passa pela cabeça não ser assim...eles são os super do Mundo.
Está a ser uma super experiência para mim, em todos os sentidos da palavra. A condição de voo; a minha percepção do nível de voo (da minha e da que me rodeia); a partilha que vou conseguindo fazer com alguns pilotos; alguns reencontros e reconhecimento mutuo, outros, apesar de verdadeiras lendas do parapente estou a conhecer pessoalmente agora, como por exemplo o Stefan Stieglair da Airwave, o Conrad da Air Cross, entre outros, e estarmos a jantar todos na mesma mesa e eu quase já falar em alemão tambem; a hora da reza muçulmana que acontece por vários periodos no dia, e tambem na madrugada, pelas 5h da manhã, tipo os sinos das igrejas portuguesas, só que aqui são as rezas para toda a vila ouvir...
... e a população super calorosa ...e aqui ficam mais umas fotos, umas aéreas e outras com miudos que me viram aterrar..
Fiquem bem,
Abraço a todos
Sílvia